quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Todos os caminhos vão dar a Cem Soldos!

"Começa hoje a quarta edição do Festival Bons Sons, na aldeia de Cem Soldos, em Tomar. Este ano, os concertos duplicaram: um total de 42, numa espécie de banquete de música nacional.

Uma pesquisa na Wikipedia leva-nos a perceber que Cem Soldos, uma aldeia no concelho de Tomar, é conhecida pela Festa da Aleluia. Se nunca ouviu falar deste fenómeno, passamos a explicar: uma festa com mais de 500 anos em que os habitantes recolhem arbustos e aleluias (aquelas flores amarelas) para decorar cruzes que são carregadas por rapazes que completaram 18 anos. No fim disto, escolhe-se a cruz mais bonita e as outras são partidas na escadaria da igreja lá do sítio, num acto conhecido como “matança dos Judeus”.

Se não ficou entusiasmado com esta festividade, há outra que talvez o convença a rumar a Cem Soldos. Desde 2006 que a aldeia é invadida de dois em dois anos por pessoas que nunca lá tinham parado. Ninguém vai carregar cruzes, longe disso, a não ser talvez as costas doridas do campismo. Em vez de aleluias, colhem-se cervejas nas tasquinhas da aldeia e quem vai à igreja é para ver concertos. O nome do festival que deu fama a Cem Soldos também é mais simpático e não envolve matanças: Bons Sons.

A ideia de fazer um festival com um cartaz exclusivamente dedicado à música nacional partiu do Sport Clube Operário de Cem Soldos, que decidia em 2006 comemorar o seu 25.º aniversário com uma festa diferente. “Fizemos um plano alargado de comemorações para marcar a data e aproveitámos a estrutura da festa popular da aldeia mas com uma programação distinta”, conta Luís Ferreira, de 28 anos, o director do festival. Em vez de Quim Barreiros e outros artistas de renome que percorrem as festas populares no Verão, a associação trazia à sua terra bandas como as Tukanas, Toques do Caramulo ou Skareta. Dois anos depois, a festa repetia-se com Deolinda, Tora Tora Big Band, Rao Kyao, Kumpania Algazarra e O’questrada. “O concerto dos Kumpania Algazarra era o último da noite e estava a correr tão bem que durou até ser dia. Na altura, a banda até disse que tinha sido o melhor concerto que tinham dado”, recorda Luís.

Nesse ano, estima-se que estiveram no festival 30 mil pessoas, até porque não havia bilheteira, número que se manteve em 2010, já com bilhetes pagos e Dead Combo, Lula Pena, Diabo Na Cruz, B Fachada e Fausto no cartaz. Este ano a organização prevê receber 40 mil pessoas nos quatro dias do festival (começa hoje e prolonga-se até domingo) e o número de concertos duplicou: são 42, todos de bandas nacionais, à excepção de dois, “porque Espanha este ano é o país convidado e trouxemos duas bandas”, explica Luís.

PAUS, Linda Martini, The Legendary Tiger Man, Maria João & Mário Laginha, Capitão Fausto, You Can’t Win Charlie Brown, Gala Drop, Vitorino e Filho da Mãe são alguns dos artistas que vão passar pelos sete palcos espalhados pela aldeia que já se tornou “uma plataforma de divulgação de música portuguesa”. A organização tem algumas regras para escolher os artistas: só se podem repetir passados cinco anos, têm de estar a produzir no momento e têm de ser variados, com projectos embrionários e outros consagrados. “Só ao fim de cinco anos podemos reprogramar para não criar facilitismo na programação e não convidarmos só os nossos amigos ou aqueles que são garantia de casa cheia”, explica Luís.

O director do Bons Sons garante também que o festival vai continuar a ser bienal, “para que a actividade da associação se mantenha, sem se tornar específica para o festival e para que haja uma boa convivência entre Cem Soldos e o festival”.

Aparentemente a convivência não podia ser melhor. Os habitantes da aldeia ajudam a erguer o festival e são eles que trabalham nas várias áreas, “desde cozinheiras, engenheiros, arquitectos, designers ou motoristas”.

www.bonssons.com. Bilhete diário: 15 euros; passe de quatro dias: 35 euros"

Por Clara Silva, publicado em 16 Ago 2012 - 16:47 - ionline



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